Marina impõe condições para apoio no segundo turno, e presidente do PSB propõe ‘neutralidade’
BRASÍLIA E SÃO PAULO — Terceira colocada na eleição presidencial, com 22,1 milhões de votos, Marina Silva (PSB) espera formar uma aliança “programática” para o segundo turno. Ela telefonou na manhã desta segunda-feira para os dois finalistas da disputa: Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB). Sem definir um posicionamento sobre qual candidato apoiará no segundo turno, a ex-senadora teve uma rápida conversa com cada um, e disse esperar que os dois possam enobrecer a eleição neste segundo turno. Aécio, por sua vez, na tarde desta segunda-feira, disse que os programas de governo do PSDB e do PSB têm "mais convergências do que divergências", e que as conversas devem ser sempre no campo programático.
Eu vejo neles (os programas) e até em outros absoluta convergência com aquilo que nós pensamos para o Brasil. Se vocês avaliarem nossos programas, vão encontrar muito mais convergências do que divergências. Segundo colocado após a apuração, com 34,8 milhões de votos, o tucano espera conseguir o apoio de Marina para derrotar Dilma — a petista obteve 43,2 milhões de votos. A candidata do PSB deve definir e anunciar sua posição até quinta-feira.
Em entrevista na noite de domingo, Marina deu declarações indicando que vai optar pelo tucano. Marina vai exigir que Aécio se comprometa com três pontos considerados fundamentais do programa de governo: compromisso de manter as conquistas do país nos últimos anos, aperfeiçoar a democracia, que inclui a defesa do fim da reeleição, e propostas em defesa da sustentabilidade.
Presidente em exercício pelo PSB, Roberto Amaral espera, no entanto, levar o partido para a neutralidade, como informou nesta segunda-feira o Blog do Noblat. Amaral sempre esteve mais próximo dos petistas, e gostaria de apoiar Dilma à reeleição. Diante da pressão de quadros do partido para uma aliança com o tucano, no entanto, ele proporia a neutralidade. Para discutir os próximos passos, a executiva da legenda terá reunião na quarta-feira, às 14h.
Nesta segunda-feira, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso falou com interlocutores da candidata do PSB pelo telefone. O teor da conversa não foi revelado, mas Fernando Henrique é o nome cotado dentro do PSDB para fazer a interlocução da campanha tucana com a ex-senadora.
Segundo a assessoria de Marina, não houve nenhum acerto para uma conversa pessoalmente com Dilma ou Aécio. João Lyra, governador de Pernambuco, defende o apoio a Aécio. Antônio Campos, irmão de Eduardo Campos, também.
-Além disso, Márcio França (PSB), vice-governador da chapa de Geraldo Alckmin, reeleito no domingo, deve ir na mesma direção.
-Mais cedo, o coordenador da campanha da pessebista, Walter Feldman, disse em entrevista à rádio CBN que um apoio a Dilma seria “difícil”. Feldman também afirmou que a decisão será acertada nesta semana, após reuniões independentes dos partidos da coligação. Segundo ele, Rede e PSB podem até seguir direções diferentes na próxima etapa da eleição presidencial.
-A Rede tem sua independência. É um partido abrigado pelo PSB, já que não foi aprovado pelo TSE. Trabalhamos em conjunto, Rede e PSB. Mas temos nossas identidades e, eventualmente, as nossas diferenças — explicou.
Durante entrevista, Feldman ainda lembrou os ataques dos adversários de Marina que agora disputam o segundo turno. Ele citou os “injustos” ataques de Dilma por querer desconstruir a imagem da pessebista, e a tentativa de Aécio de mostrar que Marina seria o “PT 2”, ou que “não teria capacidade de governar o Brasil”. O coordenador acredita que os ataques, entretanto, não deixaram “sequelas” que prejudicariam um apoio ao segundo turno.
— Na política, é preciso superar os conflitos e entender que a nação está sempre acima dos partidos políticos — concluiu Feldman.
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