MARCIANO.

Quando o sol se põe, além dos meus olhos, eu choro. Foi-se a esperança de mudar o mundo. Você deve estar se perguntando: “Mudar o mundo com o que?” eu não sei. São meus delírios, que sonho acordado.Eu piso em falso no breu da noite que caí, eu fumo a névoa que passa por mim, eu choro o mundo.Em casa o espelho esmaga este ser, a ditadura cuspida da caixa preta, mentiras são gritadas do rádio. Eu arrumo a cama e sinto o que não consigo dizer, mas sei que sinto. Eu queria fugir às vezes, algumas vezes, quase sempre, sou um marciano esperando minha nave.Nos sonhos, eu falo você briga, eu mostro a verdade, você quer mentira, eu amanso, você agita, pena ser assim todo dia, pena mais ainda por não ser apenas um sonho. Não existe nada de novo no ser humano.O café ainda é amargo, a água ainda é limpa, a caixa preta ainda grita, lá vou eu comprar propagandas, vender mentiras.Mais um dia o sol se põe, longe de meus olhos, eu mudo decido, acabo com tudo, dou fim ao marciano fazendo papel de humano, não sei ser humano, em uma sociedade, que se diz humanista, mas que são verdadeiros marcianos. Não aprendi a comer preços e amar dinheiro, adeus mundo imutável, fique com suas falsas ideologias, eu me liberto por completo desse personagem que não foi feito para mim. A cortina se fecha, lá se foi mais um péssimo ator da vida.



fonte: Nossos Tempos Perdidos

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